sábado, 7 de maio de 2016

OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de Os Lusíadas, de Camões)

Por Joaquim A. Rocha




31

A doença destruiu aquele povo,
Poucos sobreviveram à chacina.
Em nome de um deus e mundo novo
Mataram lacaios, rei, e a sabina;
Os que restaram foram para o covo,
Cumprindo penas, sua cruel sina.
E assim, privados da sua liberdade,
Transformam-se em noivos da saudade.

32

E para quê, senhores, tanto castigo…
Que mal fizera aquela pobre gente?
Naquele sítio não havia mendigo,
Nenhum ser maltratado ou indigente;
Todos tinham sopa e persigo,
Um sorriso nos lábios de contente.
Para quê destruir quase uma nação,
Tratá-la, como fatal maldição?

33

Mais tarde vieram os jesuítas,
No alforge a evangelização;
Gente fanática, vis parasitas,
Esmagando virtude, sã razão.
Por palavras, cem mil vezes reditas,
Impuseram nova superstição.
E pra que a coisa parecesse digna
Tornaram a fé dos outros maligna!

34

E assim se foi criando um país,
Dezenas de vilas, grandes cidades;
Mil capelas, a igreja matriz,
Grossas riquezas, imensas maldades.
Explorou-se com ganas o maís,
O café tornou-se rei das vaidades.
Muitas escolas, e até colégios,
Surgiram, e os muitos privilégios.   

// continua...

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