sexta-feira, 26 de março de 2021

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO

Por Joaquim A. Rocha

Rio Minho - zona do Peso

// continuação...

 

AFOGAMENTOS


(1956) - // PEREIRA, Fernando Augusto. Filho de Inocêncio Augusto Pereira, natural da Vila, e de Rosa Ferreira, natural de Fiães. Nasceu na Vila a --/--/1938 (NM 414,de 25/9/1938). // Morreu afogado no rio Minho, por ter caído da batela, com apenas dezoito anos de idade, na noite de 23/11/1956; andava no contrabando com o Armando Alves de Melo, mais conhecido por “Furão”. // O seu corpo apareceu a 1/1/1957, em Valadares, Monção, freguesia em cujo cemitério ficou sepultado. // Consta que a batela levava peso a mais. // Gémeo de Augusta Pereira.

(1959) - // RIBEIRO, António. Filho de ---------- Ribeiro e de ---------------------------------. Nasceu a 31/3/1942. // No «Notícias de Melgaço» n.º 1323, de 5/7/1959, lê-se a triste notícia: «O Minho cobrou o seu foro. No rio Minho e na área da freguesia de Alvaredo, pelas oito horas da manhã de um para dois do corrente mês de Julho, seis rapazes resolveram fazer uma viagem à vizinha Galiza e vá de se meterem todos juntos numa pequena e frágil batela e de remar para a margem espanhola. Mas quer fosse pelo excesso de carga, quer por esta se deslocar, a meio do rio a batela voltou-se e nas poucas águas do rio desapareceram três dos improvisados marinheiros, conseguindo salvar-se os outros três. Os infelizes afogados eram todos daquela freguesia e solteiros, novos ainda e de vida prometedora na sua frente. Chamavam-se os infelizes Carlos Manuel Ribeiro, de 24 anos de idade, António Ribeiro, de 17 anos de idade, irmãos, e Luís Esteves, de 18 anos de idade, lavradores. Os seus cadáveres ainda não apareceram….» // Os seus corpos foram recuperados dias depois: o do Luís a 4 de Julho; os outros dois no domingo seguinte. Estão sepultados no cemitério de Alvaredo, havendo contudo um desfasamento entre a notícia do jornal e a placa, pois nesta consta que faleceram a 29/6/1959! Por causa deste caso e de outros é que se pensou em construir uma ponte. No Notícias de Melgaço n.º 1374, de 9/10/1960, lemos com um certo assombro: - A ponte Peso-Arbo «… há tanto tempo desejada…» O professor Rodrigues, então presidente da Câmara Municipal de Melgaço, deslocou-se a Arbo a 23/9/1960 a fim de conversar sobre esse assunto com os alcaides de Arbo e Creciente. Os três foram falar com o Dr. Amândio Tavares, magnífico reitor da Universidade do Porto, que ali se encontrava em gozo de férias. Agradeceram-lhe os esforços que tinha despendido para que a construção dessa ponte fosse uma realidade e manifestarem-lhe o seu apoio. O Dr. Amândio estava casado em Arbo, e apercebendo-se do perigo que era atravessar o rio, iniciou uma luta, inglória, pois o dinheiro necessário para a obra não chovia do céu (ainda não tínhamos aderido à União Europeia); por outro lado, o governo português não estava interessado em “ligações” com o país vizinho (amigos, amigos, ligações à parte). Em reunião da Câmara Municipal de Melgaço de 20/10/1960 ainda foi lido um ofício da Direção de Urbanização de Viana, fazendo várias perguntas com o fim de informar o ministro do Interior sobre o pedido da construção de uma ponte internacional em São Marcos, Peso. A partir daí julgo que nunca mais se falou no assunto. Como se sabe essa obra concretizar-se-ia muito mais tarde, no novo regime político. Muitas vidas foram poupadas desde então.

(1959) // RIBEIRO, Carlos [Manuel]. Filho legítimo de ------- Ribeiro e de ---------------------. Nasceu em -------------, a 9/9/1935. // Pereceu afogado no rio Minho a 29/6/1959 (!). // Irmão de António Ribeiro.

(1962) // ARAÚJO, Luís Amador. Filho de Florinda Rosa Araújo, solteira, do lugar dos Bouços, e por bastardia de António José Ribeiro, do lugar do Outeirão. Neto materno de Manuel Bernardino de Araújo e de Maria de Sousa Araújo. Nasceu em Prado a 18/6/1894 e foi batizado na igreja a 8 de Julho desse dito ano. // Fez exame do 1.º grau na Escola Conde de Ferreira, Vila, a 15 de Julho de 1907, obtendo um ótimo. // Exerceu a profissão de carpinteiro. // Casou na Conservatória do Registo Civil de Melgaço a 28/1/1922 com Benezinda Alves, de dezanove anos de idade, filha de António Xavier Alves e de Filomena Albina de Castro, de Bouça Nova, Prado. // Por sentença de 7/2/1936 foi decretado o divórcio definitivo entre ele e a esposa. O Ministério Público moveu-lhe um auto de execução por custas e selos (NM 313). // Tinham filhos menores. // Afogou-se entre os dias 10 e 12 de Junho de 1962. 

(1964) // FERNANDES, Gabriel. Filho de Adolfo Fernandes e de ---------------------------. Nasceu por volta de 1940. // Faleceu a 14/4/1964, com apenas 24 anos de idade, e foi sepultado no cemitério de Alvaredo. // O seu passamento vem assim narrado no “Notícias de Melgaço” n.º 1509: «No passado dia catorze, na estrada entre Monção e Valença, no fim das curvas de Troporiz, precipitou-se ao rio Baganha a camioneta e o atrelado pertencente à viúva do falecido Sílvio Pires, do Peso, que era conduzida pelo motorista Gabriel, de Alvaredo, filho de Adolfo Fernandes, antigo dono da “Salsicharia Melgacense”. Seguiam juntamente dois ajudantes: um deles, o filho da proprietária, que embora com um pulso partido conseguiu arrastar para a margem do rio o seu companheiro, perecendo afogado o motorista, que estava preso a uma amálgama de ferros. O infeliz Gabriel, que havia regressado há pouco de Angola, onde prestara serviço militar, tinha casado há dias, sendo o seu cadáver transportado para o cemitério da sua naturalidade 

(1965) – // CARDOSO, Eduardo Miguel da Silva Lopes. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1558, de 13/6/1965: «Afogado no rio Minho. No passado dia 8, quando fugia à perseguição das autoridades espanholas, atirou-se ao rio Minho com rumo a Portugal, um indivíduo de nome EMSLC, de vinte anos de idade, natural de São Miguel, Açores, e residente, segundo a sua carta de condução, na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa. Passados poucos dias foi encontrado a boiar no sítio do Conle, da freguesia de Chaviães, e retirado do rio por uma patrulha da Guarda-Fiscal da Secção desta Vila, que ali se encontrava de serviço, sendo-lhe encontrados diversos objetos de uso pessoal, como sejam: três aneis de grande valia, um relógio de pulso, um isqueiro, uma carteira com vários documentos e fotografias, um porta-moedas e ainda a quantia em dinheiro de 22.063$00. // Depois de cumpridas as formalidades legais, foi conduzido ao cemitério da freguesia de Chaviães, onde ficou sepultado. O seu funeral causou a maior consternação, pois foi simplesmente embrulhado num lençol para a terra de ninguém, sem ter pessoa alguma que providenciasse na compra de um caixão para a sua derradeira viagem. // Não chegaria a importância que o mesmo consigo trazia para a compra de uma simples urna? Não fazemos comentários, mas sempre é bom lembrar que os mortos também precisam do carinho e respeito dos vivos.» // continua...

 

Sem comentários:

Enviar um comentário