quinta-feira, 2 de abril de 2020

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha





CRIMES
 

     Eles sempre existiram. Uns mais violentos, outros mais suaves, mas com consequências terríveis para quem os sofre. O povo português tem fama de ser pacífico, mas a verdade não é bem essa. As cadeias sempre estiveram cheias de criminosos. No regime do Estado Novo até a Guarda-Fiscal, Guarda Nacional Republicana, PIDE, etc., tinham luz verde para atirar a matar, e algumas vítimas eles fizeram, sobretudo na classe mais pobre; na vizinha Espanha acontecia a mesma coisa. No romance de Barros Ferreira, "Maria dos Tojos" ou "Serra Brava" o tema principal é precisamente a morte de um contrabandista castrejo por um carabineiro espanhol. Enfim, nem a filosofia ou religião podem mudar as coisas: o ser humano nasceu selvagem há milhões de anos e assim continua, salvo raras exceções.     

(1934) - MOREIRA, Carlota. Filha de ----------- Moreira e de ----------- Domingues. Nasceu por volta de 1860. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 252, de 18/11/1934: «A família de Carlota Domingues Moreira, de 74 anos de idade, que vive no lugar dos Ribas, desta freguesia, queixou-se à autoridade administrativa contra Aníbal [Manuel] Pereira, serralheiro, Celestino [de Jesus] Domingues, lavrador, da Rabosa, José Gonçalves, lavrador, do Pio, e Marcelino Fernandes, lavrador, de Casalmaninho, todos solteiros, por terem na noite do mês passado, pelas zero horas, arrombado a sua porta, praticando na pessoa da Carlota, que surpreenderam a dormir, as maiores sevícias que se podem imaginar. Para ela não gritar, amordaçaram-na. O senhor administrador do concelho enviou a queixa para juízo.» Eis os criminosos:

 

     PEREIRA, Aníbal Manuel. Filho de José Pereira e de Rosa Domingues Moreira. Nasceu em Penso a 29/11/1916. // Em 1937 tinha oficina de ferreiro no lugar de Barro, ou Bairro, Grande, Penso; no dia 28 de Maio desse ano tencionava ir a Lisboa de bicicleta, e nela voltar, a fim de comemorar a tomada do poder pelos militares saídos de Braga (Notícias de Melgaço n.º 353). // Casou na igreja de Penso a 10/2/1941 com a sua conterrânea Maria Rosa Domingues (1907-1995). // Morreu a 20/6/1989 e foi sepultado no cemitério de Penso. A seu lado, foi inumada a sua esposa.

 

     DOMINGUES, Celestino de Jesus. Filho de Laura Domingues. Nasceu em Penso a 19/1/1915 (ver Correio de Melgaço n.º 137, de 16/2/1915). // Faleceu a 15/4/1990 e foi sepultado no cemitério da sua freguesia de nascimento. A seu lado, foi inumada Amélia da Rocha (1911-2002), presumivelmente sua esposa (a confirmar). // Com geração.

 

     GONÇALVES, José. Filho de Ludovina Gonçalves. Nasceu na freguesia de Penso a --/--/1915 (Correio de Melgaço n.º 180, de 2/1/1916).

 

     FERNANDES, Marcelino. Filho de Manuel Fernandes e de Joaquina Alves. Nasceu em Penso a 23/4/1916 (Correio de Melgaço n.º 197, de 30/4/1916). // Lavrador. // Casou com Maria Vaz, nascida na mesma freguesia em 1912, doméstica, filha de Manuel Inácio Vaz e de Francelinda Rodrigues. // Moraram em Casalmaninho. // Faleceu no lugar de Felgueiras a 25/11/1997 e foi sepultado no cemitério da sua freguesia natal (VM 1084).

 

(1935) VAZ, Alberto José (ou Alberto Belmiro). Filho de Manuel Maria Vaz, lavrador, natural do lugar do Faval, Fiães, e de Maria da Conceição Gonçalves, lavradeira, do Ramo, Cristóval, onde moravam. Neto paterno de Manuel Joaquim Vaz e de Maria Benedita Alves; neto materno de Manuel António Gonçalves e de Claudina Gonçalves. Nasceu no lugar do Ramo, Cristóval, a 5/8/1916. // Em 1935 tinha 19 anos de idade e estava solteiro. Nesse ano, a 9 de Agosto, no lugar dos Moinhos da Soalheira, São Gregório, foi assassinado quando regressava da Galiza, por um carabineiro chamado Luciano Martins. O rapaz contrabandeava galinhas. Foi avistado pelo agente fardado, e à ordem para parar não o fez, “obrigando” a autoridade a fazer fogo. O espanhol podia ter disparado para o ar, em jeito de intimidação, mas o instinto assassino foi nele mais forte. E assim se perde uma vida! (ver Notícias de Melgaço n.º 281, de 11/8/1935).   

 

(1937) - No Notícias de Melgaço n.º 364, de 8/8/1937, surge-nos esta surpreendente notícia: «No dia 27 do mês findo respondeu no tribunal judicial desta comarca, em tribunal coletivo, João Fernandes Braga, tesoureiro da Câmara Municipal deste concelho, acusado dos crimes de peculato e burla. Tendo sido provado apenas este último, foi condenado na pena de três anos de prisão maior celular, ou na alternativa na de quatro anos e meio de degredo em possessão de primeira classe; em 1.000$00 de imposto de justiça, adicionais e na indemnização de 25.000$00 ao município  // continua…
 
 
 
 
 
 

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