domingo, 6 de outubro de 2019

OS NOVOS LUSÍADAS (…)

                                                               Por Joaquim A. Rocha




// continuação...

 36

Malaca, Ormuz, a formosa Goa,

Passam a ser do reino português.

Foram orgulho da real coroa,

Mais importantes do que Ceuta e Fez.

            Estas praças, tão longe de Lisboa,

Tornam-se lusas como o rio Vez.

E para que haja absoluta certeza

Semeiam lá a língua portuguesa.

 

37

 

O Lopo Soares de Albergaria,

Homem de armas, terceiro vice-rei,

Devoto da mãe de Jesus, Maria,

Em Ceilão impõe a força, sua lei,

Feita de espada, de vil tirania;

E mais o que ele fez, nem eu sei.

Que interessa Colombo conquistar

Se logo depois a vai entregar?

 

38

 

Tomam a fortaleza de Safim,

À cabeça Diogo de Azambuja…

Mas que malta tão afoita e ruim,

Que faz que aquela boa gente fuja. 

Roubaram pimenta, ouro, marfim…

Eis a bestial festa da maruja!

E para que mais nada reste

Deixaram lá escorbuto e peste.

 

39

 

E diziam-se eles homens cristãos,

Aquelas verdadeiras feras à solta;

Os olhos vítreos, sujas as mãos,

Sempre em pé de guerra, em revolta.

Matavam por prazer, os cidadãos

Daquelas pobres terras ali à volta.

Não tinham pena, dó, nem consciência,

Cultivavam no lazer a violência.

 

40

 

Ai rei de Portugal e dos Algarves,

Senhor da Guiné, daquém, dalém mar,

Ente vaidoso, chefe dos alarves,

Perito em mentiras, em intrujar;

Pede perdão aos céus, não tardes,

Porque o teu tempo está a terminar.

Entrega a satanás a tua alma

Pra ele te dar na morte paz e calma.
 
// continua...

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