sexta-feira, 25 de outubro de 2019

LINA - FILHA DE PÃ

romance

Por Joaquim A. Rocha




12.º Capítulo
 



     Voltemos a Lamas Santas. A Lina já mantinha uma certa intimidade com o patrão. Um dia dirigiu-se à loja, onde a patroa estava, e disse-lhe:

 

- Dona Emilinha, precisava da tarde de hoje, preciso de ir fazer umas compras à Vila, e ao mesmo tempo visitar umas pessoas amigas. Por volta das seis e meia, sete horas, já devo estar de volta.

- Vai Lina, vai, mas antes deixa tudo adiantado para a ceia.

- Está tudo em ordem, não se preocupe.

 

     Saiu. Andou um bom bocado a pé, em direção à Vila, e eis que de repente surge o carro do patrão. Este abriu a porta da viatura e ela entrou apressadamente.

 

- Espero que ninguém te tenha visto entrar. Não gostaria que a Emília soubesse.

- A tua mulher não conta. Aposto que já não fazem nada!

 

     Ele riu-se, e comentou:

 

- Aquilo parece mais um elefante, ou um hipopótamo, do que um ser humano! Em outra encarnação deve ter sido um mastodonte ou um dinossáurio!

 

     Ela, malevolamente, acrescentou:

 

- Qualquer dia a cama vai-se abaixo com o seu peso!

 

     Riram-se com gosto. Aquelas piadas idiotas e grosseiras davam-lhe imenso gozo. Sentiam-se à vontade um com o outro – eram da mesma laia.

 

- Foi bom ter-te conhecido – diz ela, olhando-o com ternura. – Estavas destinado para mim, ainda há quem diga que o destino não existe!

- Nunca imaginei vir um dia a amar-te; falaram-me muito de ti, das tuas experiências extravagantes, mas daí a poder chamar-te minha ia um rio do tamanho do Amazonas. 

- Agora estamos juntos e nunca mais nos separaremos. Nem a tua esposa será obstáculo a esse desígnio. Eu quero-te só para mim e serei, a partir de agora, somente tua. Se necessário for, se alguém se meter entre nós dois, tomaremos medidas severas – até sou capaz de…!

 

    Ele não a deixou acabar a frase:

 

- Cruzes, canhoto! Vira para lá essa boca, meu amorzinho, não me fales em mortes; até parece que queres acabar os teus dias numa prisão! O que fizeste até agora foram quase brincadeiras, algumas das quais até dão para rir; porém, matar, isso é mais grave. E já agora: eliminar quem, e por quê?!

- Isso logo se há-de ver.

- Eu, no Brasil, vi-me obrigado a recorrer, apenas uma única vez, a um assassino. Eliminar aquela criatura era uma questão de vida ou de morte para mim. Estava sendo perseguido por causa de uns negócios que eu fizera. Prejudiquei um poderoso negociante de café e borracha, embora não tivesse sido essa a minha intenção, mas pronto: prejudiquei, e o indivíduo queria matar-me por causa disso. Era ele ou eu.     

- Se calhar estavas a estragar-lhe o negócio; considerou-te um rival.

- Eu, à beira dele, financeiramente era um anão; estava ainda no princípio. 

- Os obstáculos devem ser retirados do nosso caminho; tu fizeste apenas o que tinhas a fazer. Nós somos os mais importantes: os outros são sempre os adversários, até prova em contrário.   

- Pensamos da mesma maneira, somos da mesma estirpe, mas uma coisa te peço: não me metas em sarilhos. Por causa deles vim eu embora do Brasil.

    

     Os encontros amorosos continuaram por longo tempo. A Lina foi tomando conta da casa, até já parecia ela a senhora! Dona Emília começou a desconfiar da empregada. «O que se passaria para ela agir assim?» Movia-se à vontade, falava com um atrevimento pouco usual em subordinados, olhava para o seu Filipe com descaramento. Um dia, quando estava só com o marido, perguntou-lhe:

 

- Senhor meu: você sabe o que se passa com a nossa empregada? Ela está saída da casca, parece ser ela a dona da vivenda!    

- É impressão sua; ela foi ganhando confiança connosco, nós demos azo a isso. Eu sou de opinião que ela se está portando bem. Deixe passar mais algum tempo e você vai ver que muda de opinião.

- Que Deus o ouça!   

 

     Num dos próximos encontros entre Filipe e Lina, ele avisa-a:

 

- Estás a ir longe de mais: a Emília está desconfiando da tua atitude. Precisas de ter mais cuidado, senão ela põe-te na rua. Eu nada poderia fazer, pois se fizesse algo, isso me denunciaria.

- Tens razão: a tua mulher começa a ser um obstáculo na nossa vida. É necessário cortar o mal pela raiz!

- Tens já alguma ideia como fazê-lo? Olha: não contes comigo, para nada. Eu não o impeço, estou farto de ter na minha cama aquele rinoceronte, ressonando como um porco, ocupando quase oitenta por cento do espaço, mas também não quero ser acusado de cumplicidade contigo. Faz o que tens a fazer, mas sem a minha ajuda.

- Deixa o caso comigo – alguma coisa de jeito hei de descortinar. Porém, uma certeza eu te posso garantir: – ninguém suspeitará de mim ou de ti. Será uma morte natural, sem intervenção humana. – E deu uma gargalhada estridente. – A tua mulher é doente, não é? Pois então?!  

 

     Durante dias meditou na maneira de destruir a vida da rival. Finalmente descobriu: o chá. «Como não pensara nisso mais cedo? Pois claro, o chá. Primeiro tinha de reconquistar a sua confiança; depois convencê-la-ia a tomar uma chávena desse chá milagroso, que lhe devolveria a sua antiga forma física e com ela a plena saúde

 

     Se assim o pensou, melhor o executou. Em um dia de feira foi à Vila e na farmácia, ou drogaria, comprou um pó para eliminar ratos. Era considerado normal as pessoas da aldeia irem à botica comprar esse produto, pois esses malditos bichos infiltravam-se em toda a parte, roendo tudo o que encontrassem a dente – eram considerados uma autêntica praga. Quando regressou, dirigiu-se à patroa, com uma voz meiga, pouco habitual nela:

 

- Dona Emilinha: trago para si uma prenda.

- Cruzes, abrenúncio! O que será? Vinda de você só se for uma prenda envenenada!

- Credo, minha senhora! Eu só desejo o seu bem e do seu marido. Nunca me passaria pela cabeça fazer-vos mal.

- Então o que é? Diz lá!

- Um chá. Trago-lhe um chá que tem feito milagres. Toda a gente o gaba. Elimina as gorduras do corpo, tornando as pessoas mais magras, mais elegantes, e com mais saúde.

- Isso é verdade? Bem precisava de uma coisa assim. Nem faz ideia o que é ser gorda: quase que nem posso andar. Nem sequer tenho coragem para me colocar em cima da balança. Noventa? Cem quilos? E de vez em quando sinto-me mal disposta. Os médicos nunca descobriram remédio para este mal – pedem-me apenas para ter cuidado com a alimentação e que faça um pouco de exercício; mas que exercício, se eu mal me posso mexer?

- Vamos iniciar mesmo hoje a receita: quando se deitar levo-lhe uma chávena de chá à cama. A Dona Emilinha toma-o depois das refeições: depressa se curará, vai ver.

 

     E assim aconteceu: todos os dias, sem falhar, a infame criatura fervia a água para o chá, punha lá dentro umas folhas de hortelã, um bocadinho de pó de ratos, e levava a chávena à patroa:

 

- Beba Dona Emilinha, beba; isto vai-lhe fazer muito bem!

- Deus lhe pague minha filha, foste um anjo que apareceu nesta casa; e andava eu desconfiada de você. Que ingrata eu fui!

- Deixe lá, Dona Emilinha, apercebeu-se que estava enganada e isso é que conta – o resto é para esquecer.

 

     O chá de facto começou a surtir efeito: a paciente cada dia que passava se sentia mais fraca. Certa manhã pediu ao marido:

 

- Filipe: vá à Vila e traga-me um médico; sinto-me fraquíssima, sem vontade de nada, com o coração a bater cada vez com menos intensidade. Por este andar não durarei muito tempo. Me faz esse favor.

- Com certeza; vou já a correr, mas não pense em desgraças, ainda vais viver muitos anos. E o chá que a criada trouxe – lhe tem feito bem?

- Fez-me perder uns quilos, isso é verdade, mas parece que fiquei pior do que estava antes de o tomar.

- Eu vou então à Vila e trago de lá o clínico.  

 

     Partiu no seu carro, apreensivo. Sabia o que estava a acontecer, mas agora não podia voltar atrás, recuar um passo que fosse. Gostava cada vez mais da amante, nunca tivera uma mulher como aquela: proporcionava-lhe todos os prazeres do mundo – sentia-se realizado como macho. A Emília pertencia já ao passado: fora bonita, bem proporcionada de corpo, boa conversadora, capaz de um ou outro excesso, mas punha limites em tudo – quando chegava a certo ponto estacava! A Lina não: «para ela não existem fronteiras» - pensou. «É capaz do impensável para tornar feliz o seu homem!» Pelo caminho foi meditando: «Trouxe-a do Brasil e agora vou ajudar a matá-la! Isto é cruel, mas necessário. Não posso continuar a dormir com aquele corpanzil gordo, seboso, deformado, a cheirar a suor. A Lina sabe o que está a fazer. Deixa andar.» // Dirigiu-se ao consultório do médico e disse-lhe:

 

- Senhor Doutor: a minha mulher queixa-se muito de dores no estômago, diz que está muito fraca, que o coração está decidido a parar. Pode ir vê-la? Eu levo-o e traga-o no meu carro.

- Está bem, vamos então ver a doentinha.  

 

     Aquele médico já exercia clínica em Melcarte, havia mais de trinta anos. Mal acabara o Curso abrira consultório na Vila, freguesia onde nascera. Conhecia praticamente toda a gente do concelho. Aos pobres não cobrava um tostão, mas tinham de ajudá-lo nas vindimas, gratuitamente, e quando matavam o porquito traziam as partes melhores para o Senhor Doutor Altino. Com ele vivia a sua governanta, mulher bonita e elegante, especialista em coscuvilhice e fumeiro. Com a carne oferecida ao médico ela fazia uns salpicões excelentes! De vez, em quando, aparecia um presunto e uns garrafões de vinho: «do especial, para o Senhor Doutor

      Chegaram ao seu destino. Logo que entrou em casa o comerciante encaminhou o médico para o quarto de Emília.

 

- Então como se sente a nossa doentinha?

 

     Nem sequer esperou pela resposta. Viu-lhe os olhos, vidrados, apalpou os pulsos, mediu a temperatura. Torceu o nariz. O caso era mais grave do que esperava. Aquela mulher tinha os dias contados. O coração já praticamente não batia. Os olhos estavam mortiços; a cor do rosto era a de um cadáver.

 

- Por que não me chamou mais cedo?! A sua esposa está muito mal, pouco mais tempo tem de vida. E o pior é que nós em Melcarte não possuímos condições para a curar; teria de ir para a cidade, para um grande Hospital – Porto ou Lisboa; mas mesmo assim não sei se aguentaria a viagem. Vou-lhe aplicar uma injeção e passar-lhe uma receita para o Filipe ir à farmácia aviá-la; mas, de qualquer modo, penso que já é tarde, muito tarde!

 

   O marido da doente sentia-se encurralado: tinha pena da esposa, no fundo, bem lá no fundo do seu coração ainda vibrava uma espécie de sineta, lembrando-lhe os tempos bons, foram muitos anos de convívio, mas por outro lado queria vê-la afastada de cena para ter a seu lado a mulher que agora amava. Se o ser humano fosse mais terra a terra, mais pragmático, teria chegado ao pé dela e dir-lhe-ia: «Já não gosto de ti como gostava: o melhor é ires para a tua terra e deixares o terreno livre para a minha nova paixão.» No entanto, ele sabia que se lhe dissesse isso ela provocaria um escândalo do tamanho do icebergue que afundara o Titanic. A Lina podia fugir para bem longe senão atirar-se-ia a ela como um touro bravio. Ameaçaria suicidar-se, enfim tudo se desmoronaria sem benefício para ninguém. Assim era melhor: ela partia sossegada, iriam ambos à campa levar-lhe flores, mandaria rezar umas quantas missas por sua alma, daria umas esmolas aos pobres da freguesia para que lessem uns responsos no dia de Fiéis Defuntos… Ao fim, e ao cabo, um dia teria de morrer!   

 

- Bem, tenho de me ir embora – diz o clínico. Se não se importa leva-me à Vila e já traz os medicamentos. 

- Quanto lhe devo, Senhor Doutor?

- São cem escudos.

 

     O comerciante puxou pela carteira e pagou-lhe. Antes de partir chamou a criada e pediu-lhe que olhasse pela patroa. Depois os dois homens dirigiram-se para o carro e arrancaram a toda a velocidade para a sede do concelho. Lá chegados, cada qual foi para seu lado, despedindo-se com um aperto de mão. O médico, no entanto, ainda lhe disse, em modos de recriminação:

 

- Faço votos para que a sua esposa se salve, mas penso que as hipóteses são mínimas, a bem dizer nulas; devia tê-la levado para um Hospital da cidade, não chegaria a este estado.

- Sabe, Senhor Doutor, a ignorância, os negócios… Para ela não ter tanto trabalho até meti em casa uma empregada, mas mesmo assim adoeceu; ela há muito tempo que se queixava. A vida é curta… Obrigado, Senhor Doutor.

 

     Meteu-se no automóvel e não arrancou de imediato. Pôs-se a pensar quando partira de Lamas Santas para o estrangeiro, as adversidades, trabalhos escravos, os mil sacrifícios para juntar algum dinheiro. Trouxera a mulher do Brasil um bocado contra a sua vontade, só viera por ele, e agora era conivente na sua morte. «É necessário eliminar os obstáculos», aconselhava a actual amante. Sim, se queria estar à vontade com a Lina tinha de destruir todos os muros que lhe surgissem pela frente; e um deles era a esposa.

     A vida ensinara-lhe a ser cruel; se não fosse a sua tenacidade teria perecido à fome, à míngua. Quem lhe valera quando andava andrajoso? Quem o apoiara quando nada tinha de seu? Será que Emília se apaixonaria por ele quando andava na selva amazónica a trabalhar para os outros, à volta das seringueiras, por meia dúzia de moedas? A barba por cortar, os dentes sujos, a cheirar a catinga?..

     Não encontrou quaisquer respostas para essas inquietantes perguntas. Se ao menos acreditasse num deus, nos santos, em alguém a quem se agarrar, mas não: tinha perdido a fé há muito tempo, naquela selva imensa. Onde estavam os deuses e os santos quando deles precisou? Libertou-se, sim, desse inferno na Terra, mas graças ao seu esforço sobrenatural. Saiu de lá outro: desumanizado, capaz de matar se isso lhe trouxesse vantagens. Não sentia piedade por ninguém, nem por ele próprio.

        Pôs o motor a trabalhar e partiu. Não fazia ideia do que o aguardava em Lamas Santas. Se o médico estivesse certo, Emília estava com os pés para a cova. Veneno mata e ali não havia antídoto para evitar o seu efeito. Finalmente chegou. Lina esperava-o.

 

- Penso que devias chamar o sacerdote. A “Gorda” está prestes a expirar; poucas mais horas, ou mesmo minutos, terá de vida. É melhor fazer tudo certinho, a fim de não levantar suspeitas: veio o médico, agora vem o padre. Depois fazes o funeral, o enterro, vertem-se duas lágrimas, e pronto: estaremos livres deste empecilho.     

 

- Tens razão: o caminho está quase liberto de escolhos para nós; vamos então dar este último passo.

    

     O pároco da freguesia já estava a cear. Como se levantava todos os dias muito cedo, para dizer a missa da manhã, as refeições tinham de estar de acordo com esses horários: almoço ao levantar, o jantar ao meio dia, e a ceia às sete. Depois da ceia ia ler um bocado, sobretudo a bíblia, o seu livro de cabeceira, no qual se inspirava para as suas homilias, e por volta das dez da noite adormecia. Há anos que mantinha este tipo de vida. Quando podia ia caçar: coelhos, lebres, perdizes, e até já abatera um lobo e um javali! Nunca ia só, tinha os seus companheiros leais: o Monteiro, o Alves, o Fernandes… todos bons atiradores. Também pescava, sobretudo nos rios próximos – apreciava imenso as trutas daqueles pequenos rios, afluentes do Minho. Podia haver miséria na freguesia, ou no concelho, mas a sua casa estava a abarrotar de géneros, nada lhe faltava. Os crentes eram generosos com o seu cura.

     A sua irmã ficara solteira, rejeitara um bom casamento para ficar como sua governanta. Jamais se arrependera de ter tomado tal decisão. De vez, em quando, dizia ao irmão eclesiástico: «Mano - tu vives para Cristo e eu vivo para ti.» Ele preferiria ter uma governanta que não fosse da família, uma rapariga agradável, mas acabara por se resignar. «Ao menos assim não peco; e o céu fica-me mais perto

 

- Senhor padre Ventura, está aí?

- Ó homem: até me assustaste! Viste o demo? Estás a tremer.

- Nada disso, senhor abade: a minha esposa, a Emília, está moribunda, a delirar; veio cá o médico e o diagnóstico foi cruel: não há nada a fazer!

- Coitada! Ainda é uma mulher relativamente nova, Deus podia-a manter cá mais uns anos, mas Ele é que decide; nós temos apenas de obedecer-lhe. Vamos depressa administrar-lhe a extrema-unção.

 

     Passados uns escassos minutos estavam em casa de Dona Emília. A criada estava na cozinha a preparar a ceia. Quando o sacerdote entrou foi cumprimentá-lo, fingindo que estava triste. «São os desígnios de Deus, são os desígnios de Deus» - dizia ele com aquela voz tumular, com as vestes a cheirar a cera e a água benta. Entrou no quarto da enferma e verificou que a sua vida estava por um ténue fio. Ministrou-lhe os sacramentos, tentou confessá-la, mas ela já não reagia a quaisquer perguntas. Era praticamente cadáver. Depois do seu dever cumprido despediu-se. Tinha de voltar à sua rotina.

 

- A bem dizer, já está nas mãos do Senhor. A sua bondade e a sua virtude encaminhá-la-ão para o céu. Pobre criatura.

    

     Mal o padre saiu, a Lina agarrou-se ao pescoço do amante e diz:

 

- Tudo perfeito! Estamos livres que nem uma andorinha. Agora vamos comer.

 

     A mesa já estava posta e uma garrafa de bom vinho repousava em cima de um pequeno prato.

 

- Já estás a comemorar? Olha que ela ainda não está no cemitério.

- Não falta muito; amanhã isto está tudo resolvido. Estamos livres, livres…

    

     Comeram e beberam muito bem. Depois foram-se deitar juntos. Para quê estar com preconceitos, ou temores, se D. Emilinha já estava nos braços da terrível parca? Antes de adormecerem ela informou-o:

- Já deitei o resto do pó fora, não é mais preciso. Foi pelo regato abaixo. Nada de provas.

- És exímia naquilo que fazes. Ninguém consegue fazer igual ou melhor. Tive sorte em teres surgido na minha vida. Era de uma mulher como tu, com a tua genialidade, que eu precisava: inteligente, destemida, brilhante e cruel quando é necessário sê-lo. Juntos, somos quase como uma fortaleza inexpugnável – ninguém nos vencerá!
 

 
 

 
 

 
 

 

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