quarta-feira, 25 de outubro de 2017


 
OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de «Os Lusíadas» de Camões)
 
Por Joaquim A. Rocha 
 
 
 
 
(continuação)
 
4

 
Cantarei os bombeiros voluntários,

Também os que são profissionais;

Andorinhões, andorinhas, canários,

Águias, crocodilos e pardais…

Não cantarei os temíveis falsários,

Hóspedes de prisões e tribunais.

Cantarei o verão, a natureza,

Omitirei a dor e a tristeza.

5

Marchemos, solidários, com o mundo,

Ergamos bem alto o nosso estandarte,

Digamos de onde o luso é oriundo,

De que foi feito, e com que arte;

Sem acordarmos Jeová furibundo,

O Destino, ou o temível Marte.

Que a glória está em ser, nada mais,

Tudo o resto são imagens virtuais.

6

Não copiemos exemplos degradados,

Nem quaisquer outros, mesmo em embrião;

Lancemos as barcas nos mares salgados,

Mostremos a todos que somos uma nação.

Fabriquemos de aço puro nossos arados,

Cultivemos com amor nosso chão;

Estendamos os braços às negras nações,

Pra que esqueçam tristes recordações.

7

Aprendamos as lições dos ancestrais,

Mas colhamos delas apenas o melhor;

Releguemos confissões, tudo o mais,

Que tolhem o espírito e seu ardor.

Plantemos, como el-rei, grandes pinhais,

Para que tenhamos um novo odor;

Não coremos por sermos pequenino,

A grandeza está em tudo que é digno.

8

Não nos sintamos nação de terceira,

Muito inferiores às outras gentes,

Somos, como os demais, de primeira,

E por isso devemos estar contentes;

Não temos, ainda bem, alma guerreira,

E às guerras cruéis somos tementes.

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