domingo, 24 de setembro de 2017

GENTES DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha







UM HOMEM EMPREENDEDOR


ALVES, Manuel. Filho de António Joaquim Alves e de Maria Esteves, lavradores, roucenses, residentes no lugar de Paçô, freguesia de Rouças, concelho de Melgaço. Neto paterno de Francisco José Alves e de Carlota Joaquina Rodrigues; neto materno de Manuel Esteves e de Ana Alves. Nasceu em Rouças a 4/3/1911 e foi batizado na igreja católica a 12 desse mês e ano. Padrinhos: Manuel Alves, solteiro, camponês, da freguesia de São João de Sá, concelho de Monção, e Laurinda Esteves, solteira, camponesa, do lugar de Paçô, Rouças. // Por ter fugido aos carabineiros, quando levava contrabando, foi atingido com duas balas (*). Informa-nos o “Notícias de Melgaço” n.º 560, de 26/10/1941: «regressou a Melgaço Manuel Alves, de Paçô, Rouças, depois de lhe ter sido amputada uma perna no hospital de Ourense, em consequência de ter levado dois tiros.» (**) // Apesar disso, continuou a trabalhar com a mesma energia de sempre. // Casou a 25/11/1943, na capela da Senhora das Dores, sita em Cavaleiros, Rouças, com Virgínia de Jesus Guerreiro, filha de Manuel Guerreiro (Nelo de Cevide) e de Teresa Fernandes. // Foi proprietário de um talho na Praça da República, Vila, que adquiriu por trespasse a António Augusto do Paço (NM 896, de 17/4/1949) e de uma Pensão (restaurante) e talho na Rua do Rio do Porto, SMP, cujo prédio – fronteiro à Pensão Braga – comprou ao advogado, Dr. Artur Anselmo, e sua esposa, o qual reconstruiu em 1958 e para ali mudou o talho em Junho de 1959, e ali fixou residência com a sua família. // Em 2002 ainda estava vivo, mas já não reconhecia as pessoas. // No verão frequentava - juntamente com os seus familiares - a praia de Moledo. // Era um homem bem disposto, conversador, amigo do amigo. // Morreu na freguesia da Vila, SMP, a 25/11/2004, com noventa e três anos de idade. // Pai de um filho (Aristeu) e de duas filhas.
 
     /// (*) As balas atingiram as duas pernas, mas uma delas teve de ser amputada devido à bala da carabina ter ficado aí alojada e fragmentado.
 
     /// (**) Existe outra versão dessa história: Manuel Alves e os outros contrabandistas rodearam o carabineiro e tentaram tirar-lhe a arma e desancá-lo; o espanhol, vendo-se acossado, disparou para as pernas do mais aguerrido, precisamente o Manuel, obrigando os companheiros a pôr-se em fuga, ficando com o ferido apenas a sua irmã. Outros carabineiros apareceram e decidiram pôr fim à vida do baleado, mas a irmã protegeu-o com o seu próprio corpo; então eles levaram-no para Ourense, no comboio, a fim de ser tratado. Não nos esqueçamos que a guerra civil espanhola tinha acabado há pouco tempo e em 1941 estava a decorrer a 2.ª guerra mundial.  

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