quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

SONETOS

Por Joaquim A. Rocha


MORTE BRANCA
  
Naquela fria e alva madrugada,
Enfrentando a chuva e o nevoeiro,
Partiram sós, de Castro Laboreiro,
Carolina e sua irmã amada.

Alegres, riam por tudo e por nada,
No bolso levavam algum dinheiro;
Iam comprar, no estrangeiro,
O bacalhau, azeite, e a pescada.

No regresso, por terras da Galiza,
Ao entrar na alta e dura montanha,
A neve caía com insistência;

E no inferno o demónio giza,
Com estranho ódio, raiva e manha,
A morte da virtude, da inocência.




Nota: este soneto inspira-se num facto verídico; as duas irmãs, no regresso da Galiza,  ficaram soterradas na neve a 17/12/1917; a Carolina casara em Outubro desse ano. Foram encontradas já sem vida. 





Sem comentários:

Enviar um comentário