DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
CASA DO RIO DO PORTO
Sita
na freguesia da Vila, Santa Maria da Porta.
As armas foram concedidas a 1 de Setembro de 1793 ao Dr. João Manuel Gomes de Abreu Cunha
Araújo. / O primeiro membro dessa família a residir no Rio do Porto parece que
foi o Dr. João António da Cunha Araújo, nascido no século XVIII, filho de Bento
da Cunha Araújo e de Maria Gonçalves, ou Maria Martins (moradores na Rua do Campo, depois Rua do Espírito Santo,
perto da igreja matriz da Vila), casado com
Maria Gomes de Abreu, ou Mariana Gomes de Figueiroa (ver “O Meu Livro das Gerações Melgacenses”, volume I, página 409). / Na obra citada, p. 410, lê-se: «Ora em 17/5/1748 D. António da Glória, mestre doutor de Sagrada
Teologia na Universidade de Coimbra e Prior Donatário do Real Mosteiro do
Salvador de Paderne e os mais padres conciliares emprazaram por três vidas aos
fidalgos da Casa do Rio do Porto o prazo das Serenadas, que pertencera à
família da mulher.» / No entanto, quem solicitou à rainha Maria I a
justificação de nobreza e mandou colocar as pedras de armas no frontispício da
Casa foi o Dr. João Manuel Gomes de Abreu Cunha Araújo, filho do Dr. João
António de Araújo e de Mariana Gomes de Abreu, neto paterno de Bento da Cunha
Araújo e de Maria Martins, e bisneto de Gonçalo da Cunha Araújo e de Catarina
Esteves; e neto materno de João Gomes de Abreu e de Maria Gomes de Figueiroa, e
bisneto de Manuel Gomes de Abreu e de Jerónima de Castro. // Este Dr. João
Manuel casou a 6/8/1768 com Isabel Maria, filha do capitão Manuel Luís
Pereira da Gama e de Maria de Araújo, moradores no Campo da Feira de Fora, SMP,
e faleceu em 1813. Além da Casa, havia também uma quinta, com caseiros e feitor. / É curioso que esta Casa Solar tenha sido adquirida, na
década de vinte do século XX, pelo então secretário de finanças em Melgaço,
Ernesto Viriato dos Passos Ferreira da Silva, natural de Braga, casado em Melgaço a
21/9/1918 com Margarida Maria, neta ilegítima do fidalgo da dita Casa, Caetano
José de Abreu Cunha Araújo, e de Margarida Carolina de Castro Álvares de
Barros. O acontecimento gerou polémica, pois Ernesto Viriato era o chefe dos
republicanos no concelho, e foi Governador Civil de Viana em 1925. Acusaram-no
de monárquico, mas ele argumentou publicamente que comprara aquela Casa fidalga
porque estava em ruínas e queria recuperá-la. O certo é que ali viveu com a
família, com o peso daqueles brasões à porta de entrada.
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