sexta-feira, 28 de julho de 2023

POEMAS DO VENTO

Por Joaquim A. Rocha



 

// continuação de 22.05.2023



42

 

RITA MARIA

 

Pequena Rita Maria

feita somente de amor

isenta de qualquer dor

boneca de fantasia

 

Bonita Rita Maria

linda flor em botão

és só e ainda ilusão

és só e ainda alegria

 

És graciosa planta

que rápido cresce

és flor que aparece

de beleza tanta

 

És um lindo rouxinol

com teu bonito cantar

suavíssimo de embalar

banhando-nos ao rei sol

 

Inda primavera

pura transparente

cinco réis de gente

nesta imensa esfera

 

És como um rio que corre

para a foz e para a vida

vencendo a raiva incontida

naquela ilusão que morre

 

Assumirás teu papel

na sociedade infernal

e não penses, flor real,

que ela te será fiel

 

A sociedade é a selva

bruta agreste violenta

com as suas leis que inventa

é um duro chão sem relva

 

1977

 

43

 

ADEUS À ILUSÃO

 

Vais-te embora!

Partes para bem longe de mim.

Recorda, se puderes,

os olhares enternecedores.

Vais-te embora!

Deixas alguém a sofrer.

Recorda, se quiseres,

os longos silêncios meus.

Vais-te embora!

Ficas porém dentro de mim.

Recorda as carícias desejadas,

os impulsos contidos!

Vais-te embora!

Não mais voltarás.

Não olhes o passado:

o futuro a ti pertence.

As lágrimas são minhas!

 

16/9/1977

 

44

 

ROSA MARIA

 

Rosa Maria,

minha linda flor:

eu a ti daria

todo o meu amor.

Lindos olhos teus, Maria,

minha rosa flor,

eu por eles, capaz seria,

de matar, morrer, amor!

Se ouvires dizer, Maria,

que uma bala me pôs fim,

reza sempre um padre-nosso

em cada dia, por mim.

Vou partir para combater

em favor desta nação,

vou à minha obrigação

desta pátria defender.

Posso ter vida, ou morrer,

ter tristeza, ou alegria,

posso ainda voltar um dia

à minha terra natal…

Não creias de mim o mal,

 se ouvires dizer, Maria.

Se Zeus quiser voltarei

à minha terra tão querida,

ele há-de poupar-me a vida

e feliz ainda serei.

Parto a cumprir uma lei

à qual eu fugir não posso;

vou defender o que é nosso,

o que é teu e da nação.

Tu, à noite, ao serão,

reza sempre um padre-nosso.

Posso muito tempo estar

sem te poder escrever,

mas eu juro, podes crer,

que contigo hei-de casar.

Se uma bala me matar,

ou tiver um outro fim,

só por isso, só assim,

não cumpro o meu juramento.

Tu reza sempre um momento

em cada dia, por mim.

 

1966









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