sábado, 12 de novembro de 2022

SONETOS DO SOL E DA LUA

Por Joaquim A. Rocha 




// continuação de 13/08/2022


CAMILO CASTELO BRANCO

(I - 135)

  

Como Adão, nasceste de pai solteiro,

Sofreste mil agruras na infância;

Foi teu igual, apesar da distância,

Levaram aos ombros o mundo inteiro.

 

Passaste frio, bolsos sem dinheiro,

À mor virtude, deste relevância;

Foste humilde, sem qualquer jactância,

Viveste com verdade amor primeiro.

 

Tuas obras são hino às belas-letras,

Romances, poesia, mil novelas;

Tudo disseste com engenho e arte.

 

Teu génio alargou todas as gretas,

Viajaste por mares em lindas caravelas,

Teu nome é grande aqui, em toda a parte!

 

3/9/2016

 

CAMILO CASTELO BRANCO

(II - 136)

 

Como ele, nasceste d’homem solteiro,

Tal Nero, nasceste de mãe galdéria;

Gente que veio de longe, da Suméria,

Sem pátria, sem fé, e sem dinheiro.

 

Viveste um sonho, o derradeiro,

Entre a fartura e a vil miséria;

Dormiste com Júlia, com Pulquéria…

Geraste filhos como um rafeiro.

 

Olhos cegos, já cansado da vida,

Sentado na poltrona de dura sola,

Gizas a tua próxima partida…

 

Compras ao armeiro uma pistola.

E uma simples bala delambida

Com tudo acaba, tudo estiola!

  

18/9/2016

 

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