domingo, 23 de maio de 2021

 POEMAS DO VENTO

Por Joaquim A. Rocha


// continuação de 9/3/2021...



TECNOCRACIA

 

Roubaram, cruéis, meus sentimentos,

despojaram-me de todas as emoções;

fiquei calmo, frio, sem tormentos,

sem nervos, sem sonhos ou ilusões.

Transformaram-me em máquina, em robô.

Penso como computador: - friamente.

E agora, seco, desumanamente,

laboro como máquina de tricô.

Tudo que faço é genial, perfeito!

Sem erros, manchas, imperfeições.

Trabalho com o cérebro, sem paixões…

Só o belo, o grandioso, eu aceito.

Tenho o dom da medida exata…

Tenho o equilíbrio dentro de mim. 

Dedos ágeis cordão umbilical desata,

separam coração e cérebro por fim!

 

18/5/1978

 

GLÓRIA AO “SÁBIO” MARQUES

 

Cale-se de dândi Gaudêncio

os espirros grandes que atroam;

cale-se de fungagá seus ventos

que nos ares seus cânticos entoam;

cale-se de mestre Laginha

os seus silêncios eternos;

cale-se do nosso louvaminha

o seu amor aos céus e ódio aos infernos.

 

Cale-se de Einstein, cale-se de Galileu,

as coisas grandes que fizeram;

que eu canto o “sábio” Marques,

 maior do que Zeus,

a quem russos e americanos obedeceram.

Canto os seus loucos, fatais inventos,

o seu engenho, o seu génio, as suas artes;

canto a sua imaginação, os seus talentos,

que coisa igual jamais se viu por estas partes!

 

Cesse tudo o que a ciência antiga canta,

 que outra nova era para ela se alevanta!

 

18/5/1978

 

SER POETA

 

Ser poeta é ser nada

é ser ninguém!

É o preocupar-se com o alheio

é ter o coração cheio

de amor e ternura;

é ter algo de loucura

é ter na vida a sepultura

e na morte alguma paz!

 

É o se ser capaz

de denunciar a injustiça

para haver um mundo escorreito

é o ter a vontade firme

de modificar um regime

para criar outro perfeito! 

// continua...


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