segunda-feira, 31 de maio de 2021

 DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO

Por Joaquim A. Rocha


// continuação de 12/02/2021...

ZARAGATAS


(1963) – Lê-se no Notícias de Melgaço número 1472, de 26/5/1963: «Uma Nuvem Desgarrada. “Pelo céu vai uma nuvem, todos dizem bem a vi; todos falam e murmuram, ninguém olha para si.” Em “A Voz de Melgaço” do passado dia 15 do corrente lemos com satisfação o pedido de socorro (!) com intervenção da Guarda Nacional Republicana para a rua da Calçada, onde há longos anos está instalada a nossa redação. Louvaríamos quem tão ardentemente se interessa pela paz do nosso burgo, se nessa local não vislumbrássemos apenas vingança torpe, alimentada por ódio mal contido. Sim, porque é isto apenas o que a referida local encerra; mas nós, que desde há largos anos permanentemente nos encontramos nesta rua, quer às duas da tarde quer às duas da manhã, não consentimos que o correspondente de “A Voz de Melgaço”, lá por andar de candeias às avessas com um morador do sítio, nos queira passar como desordeiros e maus vizinhos. Diga-nos o que entende por alterar o silêncio. Por o dono da casa falar em voz alta com os seus familiares? Tocar a telefonia um pouco mais alto? Ou uma criança inadvertidamente deixar cair um prato ou uma tigela? Não, senhor Paço!... Alterar o silêncio é andar pelas ruas até altas horas da noite a tocar bombo, ferrinhos e acordeão, como você tem feito com esse grupo de trabalhadores vindos de fora. Alterar o silêncio é estar até à meia-noite na tasca da Baetas ou da Quina em desgarradas e desafios, como você tem estado com o referido grupo. Alterar o silêncio é, depois de bem bebido, pegar num tambor e a altas horas da noite ir para o largo da Calçada e fazer um tal barulho que até as pessoas que se encontravam a velar um cadáver se sentiram anojadas com tanta falta de respeito pela dor alheia. Foi isto, senhor correspondente de “A Voz de Melgaço” o que você fez com o seu grupo na noite em que estavam a velar aquela boa senhora da Barbosa. Lembra-se? Isto sim; é alterar o silêncio, e contudo ainda não foi chamada a intervenção da Guarda Nacional Republicana para o meter em sítio onde outros estão com menos crime. Fiquemos por aqui, não é melhor?»

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NOTA: a equipa de A Voz de Melgaço, jornal quinzenário nascido em 1946, cuja sede residia em Braga, aceitava por vezes publicar artigos que visavam magoar a equipa do Notícias de Melgaço, um semanário feito em Melgaço, orientado pelo Dr. Augusto César Esteves, morador no Largo da Calçada.   

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