domingo, 20 de setembro de 2020

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO (Crimes)

(1951) – Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 966, de 17/2/1951: «De Penso. Fevereiro, 8. No dia 3 do mês corrente pelas 23 horas, um grupo de malfeitores da freguesia de Cousso, entre estes António Afonso, Luís Gonçalves, Germano Fernandes e António da Esperança, armados de espingardas caçadeiras, e de foices escavadas, desceu ao ordeiro lugar de Paradela, entrando alguns do grupo atrevidamente numa casa onde se encontravam diversas mulheres a trabalhar no arranjo da sua vida caseira e, sem mais nem quê, partiram o candeeiro e vá de zurzir a torto, e a direito, enquanto os que ficaram à porta disparavam incessantemente tiros, como se tratasse de uma revolução. Aos gritos de socorro acudiram os vizinhos que já se encontravam deitados e os meliantes, depois de ferirem algumas pessoas, puseram-se em fuga, cada um por seu lado. Ora isto não se pode classificar senão de verdadeira selvageria, o que é de lastimar, atendendo a que a freguesia de Cousso pertence a Portugal. Se fosse em Marrocos ainda tinham uma desculpa. Assim é preciso que este acto de rebelião não fique impune pela intenção criminosa com que foi praticado.» (1951) - ALVES, José Bento. Filho de José Bento Alves, natural de Várzea Travessa, Castro Laboreiro, emigrante em São Paulo, Brasil, e de Maria Rosa Fernandes, natural de Adofreire, Castro Laboreiro. Neto paterno de Manuel Alves e de Maria Esteves; neto materno de Manuel Fernandes e de Rosa Pires. Nasceu no lugar de Carrasqueira, freguesia de Alvaredo, a 22/12/1913. // A 24/11/1951, pelas 21 horas, no lugar da Carrasqueira, com uma machada, e por razões que se desconhecem, fraturaram-lhe o crânio. Era solteiro. Ficou gravemente ferido, pelo que teve de ser conduzido a um hospital do Porto. Os médicos ficaram admirados por ele não ter morrido pelo caminho. Comentava o jornalista do “Notícias de Melgaço”: «Em Melgaço estão a amiudar casos destes e semelhantes, e a esta tendência agora manifestada é preciso pôr-lhe um travão…» (Notícias de Melgaço n.º 1003, de 2/12/1951). // Morreu a 2/8/1960. (1952) – RODRIGUES, Aurélio. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1023, de 4 de Maio de 1952: «UM TRISTE FEITO. Logo às primeiras horas da manhã de sexta-feira começou a correr com insistência na área da Vila a triste notícia de terem morto a tiro junto do rio Minho um antigo guarda-fiscal, muito conhecido e geralmente respeitado. // À medida que o tempo corria, a notícia precisava-se e corria veloz por todas as freguesias do concelho. // Infelizmente era verdadeira e capitulada de puro assassinato, atendendo ao sítio onde foi morto e de onde não poderia ter fugido sem cair nas mãos da fiscalização… Desnecessária era, pois, a cena dos tiros. // O infeliz assassinado, chamemos-lhe também assim, fazendo-nos eco do que ouvimos pelas ruas da Vila, chamava-se Aurélio Rodrigues e foi vítima, segundo ouvimos também dizer, pela fobia de uma praça da guarda-fiscal (…), ------ Guedes, natural do vizinho concelho de Monção. // A indignação é geral, tanto mais, diz-se, que os tiros dados são por todos julgados dispensáveis; a noite estava clara e via-se bem; o morto não tinha armas consigo, nem o contrabando de uma saca de café justifica tal actuação: a morte de um homem. // Não se conhece ainda a defesa do guarda-fiscal e é cedo, pois, para manifestarmos toda a indignação que vai no povoado. // Mas, guardas destes, por precipitados ou obsecados por ideia fixa, não prestigiam a corporação e das suas mãos convém tirar-lhe quanto antes a arma da ordenança. // O facto está entregue à justiça e há-de ser julgado por tribunal de guerra. // Até lá haja acalmia de nervos e ponderação. // À família do infeliz Aurélio Rodrigues as nossas condolências.» NM 1023, de 4/5/1952. //

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