sexta-feira, 17 de agosto de 2018


MORREU O ZÉ DO MI
 


    
José Alberto de Sousa era filho de Orlando Vitorino de Sousa, natural de Melgaço, e de Glória Gonçalves Monteiro, natural da Galiza, moradores na Vila de Melgaço. Era neto paterno de Ilídio de Sousa e de Amália Augusta Igrejas; e neto materno de --------- Gonçalves e de Maria Rosa Monteiro. Nasceu em SMP a 3/3/1944. // Esteve até aos vinte anos de idade na sua terra de nascimento; depois passou três anos na tropa, dois dos quais (1966-1967) na guerra colonial em Angola. // No regresso foi trabalhar para França. Durante os primeiros anos viveu num bairro de casas pré-fabricadas, salvo erro. Comprou uma mota, na qual se deslocava para todo o lado; mais tarde parece que morou em casa de uma das suas irmãs: Maria Isabel ou Maria do Rosário. Após a morte dessa irmã voltou para Melgaço, tendo sido internado no Lar Pereira de Sousa no ano 2000. // Nunca teve uma verdadeira profissão, por isso viu-se obrigado a trabalhar na construção civil, como ajudante de pedreiro. Como ganhava pouco dinheiro, ou por quaisquer outras razões, nunca constituiu família. Quando era moço, gostava de brincar, jogar à bola na avenida, quase sempre a defender a baliza... Mesmo em África, foi guarda-redes da equipa organizada pela Companhia. De estudar não gostava; depois de concluir a 4.ª classe do ensino básico não estudou mais. A sua avô paterna, que o ajudou a criar, por seus pais se terem deslocado para o vizinho concelho de Monção, talvez por ele não cumprir corretamente a sua orientação, batia-lhe algumas vezes, assim como outros parentes chegados, criando-lhe alguns complexos; no inverno era para ele mais fácil suportar a tareia, pois vestia um capote que lhe chegava quase aos pés. Mais tarde, a maldita guerra em África agravou a sua doença de nervos. // Morreu no dia 14 ou 15 de Agosto de 2018. Apesar de tudo, foi feliz à sua maneira. Conheci-o tínhamos ambos seis anos de idade, quando vim do lugar de Cevide para a Vila, chegamos a estar zangados por causa da bola, mas depressa fazíamos as pazes - os amigos não se zangam para sempre. Convivemos até aos vinte anos de idade, altura em que fomos cumprir o serviço militar, em Janeiro de 1965. Ele combateu em Angola e eu na Guiné-Bissau. Só o voltei a ver depois do ano 2000, quando ele regressou à terra natal a fim de ser internado no Lar Pereira de Sousa. Quando o visitei pela primeira vez, não me reconheceu. Perguntou-me: «quem é o senhor?!» Eu dei-lhe um abraço, e disse-lhe: «Então, Zé; não me reconheces? Sou o teu amigo Joaquim. Lembras-te…» Lentamente, lá se foi lembrando do passado. «Já sei quem és…» Adeus amigo.

 Nota: não chegou a tomar conhecimento do livro «Melgacenses na I Grande Guerra, na Guerra Civil de Espanha, e na Guerra Colonial», escrito por mim e pelo Dr. Valter Alves, em que ele faz parte por ter combatido em Angola. 

                                                                                                      Joaquim A. Rocha           

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