quarta-feira, 7 de março de 2018

POEMAS DO VENTO
 
Por Joaquim A. Rocha







O vento fala comigo

e eu não sei o que ele diz:

«trago novas de um amigo,

lamentos de uma infeliz
 

Açoita meu rosto pálido,

afaga meus brancos cabelos;

nivela meu olhar cálido,

 aviva e agita meus desvelos.

 
Traz-me à ideia a infância,

onde a pobreza reinava,

e, sem fé, nem esperança,

os tristes dias passava!

 
Vento! – Que novas são

as que trazes no teu bojo?

Diz-me, que meu coração

está já a pedir, de rojo!

 
Diz-me onde estão meus amigos,

Se vivem bem no outro mundo;

Se tem por lá inimigos,

Um novo amor profundo.

 
Diz-me que comidas comem,

Se são servidos por anjos;

Se em macias camas dormem,

Se têm asas como arcanjos.

 
Diz-me tudo o que lá se passa,

Tudo eu quero saber;

Diz-me se por lá há desgraça,

Se há ódio e malquerer.

 
Diz-me tudo, que eu não sei

O que por lá acontece;

Diz-me se há rainha ou rei,

Se a aranha ainda tece.

 
Diz-me tudo, tudo, tudo,

Neste tão longo e triste dia;

Eu, para te ouvir, fico mudo,

 Indiferente à maresia.

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