quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha
 
 
 
 
 
ARADO

 
     Este instrumento agrícola terá surgido na idade do bronze, na Mesopotâmia. Até 1892 existiam três tipos conhecidos de arados: o de garganta, o quadrangular e radial. A partir desse ano temos mais um, inventado por Francisco José Rodrigues Junior, de Cristóval (ver o jornal «Valenciano» n.º 1268, de 24/7/1892). // O padre A. Domingues escreveu um artigo em A Voz de Melgaço n.º 936, de 1/4/1991, dando-lhe o título “Engenhos rudimentares que existiram em Parada do Monte – o arado”. Diz-nos ele: «é de todos bem conhecido o utensílio da lavoura a que se chama o arado. Do que nem todos terão conhecimento é das várias modalidades existentes nesta localidade, desde há cem anos, sem falarmos em tempos mais recuados. O mais antigo, de que há memória, consistia em três peças de madeira, trabalhadas simplesmente com a machada, sem molduras de espécie alguma, às quais se adicionava um bico de ferro para perfurar a terra. A primeira chamava-se (…) rabiça. Precisava de ter uma parte direita para levantar a terra com o referido bico de ferro na frente, e outra com uma curva, na parte cimeira, para nela manobrar a mão do homem. No meio, de acordo com a profundidade requerida, havia um encaixe para se ligar ao temão. Esta peça, a mais comprida, arrastava a rabiça, pelo encaixe mencionado, e a outra extremidade, acompanhando os animais ao jugo, passando pelo meio dos dois, sendo enlaçado por uma verga de vime, para não deteriorar o temoeiro, peça esta de couro cru (…). Havia ainda a chavelha, outra peça de pau, junto à canga, na parte da frente. / Para segurança, e para ficarem sempre à mesma distância, o temão e a rabiça, havia ainda a relha que, bem segura no fundo da rabiça, atravessava o temão, por um furo, e aí era apertado por uma cunha de pau, ficando o arado mais aberto ou menos conforme a profundidade requerida no solo terrestre. / Qualquer pessoa, com um pouco de boa vontade e alguma experiência, podia, em poucas horas, fazer este utensílio da lavoura. Com ele lavravam as terras, quer elas fossem de cultivo permanente, quer fossem os chamados lavores cavados nos montes e depois queimados para a sementeira do centeio. / Volvidos tempos, apareceu um outro arado, todo de pau com duas rabiças, que na parte de baixo ficavam unidas à coluna ou teiró e ainda ao temão. / Também existia a relha, ou sega, tendo ainda mais a aiveca, que vulgarmente chamavam a “pasta”, sendo esta presa ao temão, de forma que só lavrava para um lado. / O temão apoiava-se na parte dianteira num pequeno rodado, todo de madeira. Na argola dianteira segurava-se a cambrozela e esta à canga do gado. / Era um objecto já mais perfeito, e com maiores vantagens, do que o primitivo já descrito. Também ele era todo de madeira, com excepção do bico com que terminava a aiveca ou pasta. / E parece ser certo que já não existe nenhum arado deste género cá no nosso burgo. (…) / Depois apareceu o arado de ferro (…), puxado pelo gado, e bem assim outro maior, e mais perfeito, atrelado ao tractor, que é o que actualmente se usa para a maior parte das sementeiras…»             

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