domingo, 21 de agosto de 2022

POEMAS DO VENTO 

Por Joaquim A. Rocha



// continuação de 25/04/2022.


SAUDADE

 

Essa palavra saudade,

de raiz bem portuguesa,

não tem tempo, nem idade:

nasceu com a humanidade,

cresceu com a natureza.

 

Essa palavra saudade,

que revela nosso sentir,

não tem tempo, nem idade:

é velhice, é mocidade…

exprime o passado, o devir!

 

 Essa palavra saudade,

que trago sempre no peito,

não tem tempo, nem idade:

diz tristeza, felicidade…

todos lhe prestamos preito!

 

Essa palavra saudade,

que sempre nos acompanha,

não tem tempo, nem idade:

fala angústia, ansiedade…

vive na paz, na campanha!


 

O vento fala comigo…

e eu não sei o que ele diz:

«trago novas de um amigo,

lamentos de uma infeliz

 

Açoita meu rosto pálido,

afaga meus brancos cabelos;

nivela meu olhar cálido,

 aviva e agita meus desvelos.

 

Traz-me à ideia a infância,

onde a pobreza reinava,

e, sem fé, nem esperança,

os tristes dias passava!

 

Vento! – Que novas são

as que trazes no teu bojo?

Diz-me, que meu coração

está já a pedir, de rojo!

 

Diz-me onde estão meus amigos,

Se vivem bem no outro mundo;

Se têm por lá inimigos,

Um novo amor profundo.

 

Diz-me que comidas comem,

Se são servidos por anjos;

Se em macias camas dormem,

Se têm asas como arcanjos.

 

Diz-me tudo o que lá se passa,

Tudo eu quero saber;

Diz-me se por lá há desgraça,

Se há ódio e malquerer.

 

Diz-me tudo, que eu não sei

O que por lá acontece;

Diz-me se há rainha ou rei,

Se a aranha ainda tece.

 

Diz-me tudo, tudo, tudo,

Neste tão longo e triste dia;

Eu, para te ouvir, fico mudo,

 Indiferente à ventania.


  

PRAIA DE SANTO AMARO

 

Ó praia de Santo Amaro,

cheia de gente modesta,

onde o sol não é avaro…

o mar está sempre em festa!

 

Ó praia de Santo Amaro,

estância de gente pobre,

 repara... como eu reparo:

o mesmo céu a nós cobre!

 

Ó praia de Santo Amaro,

a gente a ti vem buscar…

o sol que em casa é raro,

um rostinho pra adorar!

 

Ó praia de Santo Amaro,

cheia de encanto e beleza,

em ti minhas feridas saro…

liberto minha alma presa!


// continua...

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