sexta-feira, 22 de junho de 2018

POEMAS DO VENTO
 
Por Joaquim A. Rocha








OS COBARDES TAMBÉM SE ABATEM
 

Tenho medo do cobarde,

que escreve e não assina:

oferecendo-lhe eu a face,

 pelas costas me assassina!

 

Tenho medo do cobarde,

 que cospe em nós seu veneno:

dá mentira por verdade,

 foi assim desde pequeno!

 

Atua de noite, em silêncio,

na sombra… na escuridão:

tem prà traição um compêndio

escrito por própria mão!

 

Tem medo da luz do sol,

 vive de cara encoberta:

seus olhos, são um farol

em busca de presa certa.

 

Logo que vê sua presa,

 isto é, a gente honesta,

ataca feroz, de surpresa:

como lobo, como besta.

 

E logo foge, o ladrão,

na sombra se refugia;

vai lavar a suja mão

do sangue que a tingia.

 

Meu pobre pseudo vate,

a quem musa não inspira:

posso apenas comparar-te

a Nero, tocando lira!

 

Vai-te de mim porco sujo,

 verdadeira alma penada;

vai prò mundo do sabujo,

não te negará a entrada!


um gato no telhado em busca de pardais
 A ILUSÃO DE SER POETA 


Julgas, moço, que és poeta;

pobre louco, que ilusão!

Eu não quero ser profeta,

mas não te iludas em vão.

 

Vai para o monte, qual asceta,

medita em calma solidão;

escreve prosa – nessa faceta

serás émulo d’Ortigão!

 

E vive – sobretudo vive.

A vida não é só reflexão;

sabes, o homem não sobrevive

quando apenas vive em comunhão

com o seu egocentrismo e revive

uma época que não é a sua.

 

Descobre o mundo, descobre a rua;

deixa a lua aos poetas.

Desce à terra e pisa forte o chão;

carrega a tua arma, dispara as tuas setas.

Não hesites: a farpa do Ramalho é tua.

Enterra-a fundo. Certa. No coração!

Posando para a fotografia
 
 

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