quinta-feira, 28 de junho de 2018

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha



desenho de Sílvia Neto (?)  

                                                                   CRIMES

 

     Em todos os tempos, e em todos os lugares do planeta, se cometeram e cometem crimes; alguns deles graves, outros menos. Nem todos os criminosos foram punidos. Estou a lembrar-me, por exemplo, do presidente dos Estados Unidos da América, Truman, que mandou lançar bombas atómicas sobre duas cidades do Japão no ano de 1945, matando criminosamente milhares e milhares de pessoas. Será que o facto de estar em guerra justificava tal atitude? Em Melgaço têm surgido alguns crimes ao longo dos séculos, mas nem todos, devido sobretudo à inexistência de jornais, e à falta de conservação dos mesmos quando existem, ficaram registados para a posteridade. Pelo menos três deles são conhecidos: o de Castro Laboreiro, o de Vilar (Alvaredo), e o da Gave. // Eis os crimes cometidos, por ordem cronológica:

 

(1847) - SOARES, José António. // Morreu (segundo constava devido a uma pancada com uma sacha de crista que lhe enterraram na cabeça; dizia a vítima, antes de fechar os olhos, que fora um criado do José “Galo” e o próprio “Galo”). // Estava casado com Teresa Alves e moravam na freguesia da Vila, SMP. Foi sepultado na igreja matriz a 3/6/1847, com ofício de seis padres, por esmola. /// Comentário: estes crimes normalmente ficavam impunes, pois não havendo testemunhas era quase impossível provar que foi este, ou aquele, o criminoso.  


 
(1870) - GARCIA, Joaquina Rosa. Filha de João Garcia e de Maria Esteves, lavradores. Nasceu na freguesia de Penso por volta de 1808. // Lavradeira. // Faleceu a 27/9/1870, com 62 anos de idade, viúva de Manuel Caetano Rodrigues, e foi sepultada na igreja. // Escreveu o pároco: «encontrou-se assassinada em sua própria casa, no lugar das Lages, Penso.» E mais à frente: «declaro que a finada tinha recolhido em sua casa um rapaz natural da Galiza, não tinha dado terra certa em alguns dias que tinha estado nesta freguesia, procurando casa aonde se justasse para servir, sucedeu no dia 27 um filho da finada, por nome António José Rodrigues, e uma filha da mesma, Maria Teresa Rodrigues, saírem para a feira do dia vinte e sete, ficando a mãe destes com o criado em casa, e ao recolherem-se daquela acharam sua mãe morta, tendo desaparecido o criado, que levara um relógio, vestiu-se com calça, colete, jaqueta, camisa e chapéu, do filho da finada, deixando os andrajos com que andava vestido antes, e a camisa com sangue nos pulsos, aparecendo rasto de querer abrir uma caixa, com uma machada, martelo, cinzel, tudo da mesma casa, o que tudo indica ser o matador o mesmo criado, a quem o guarda do barco de Sela tirou o relógio que lhe quis vender, por o dito guarda suspeitar era furtado e o mandou para seu dono ao depois de inteirado do sucedido. Fiz esta declaração para constar.» MJEC.

desenhos de RANA
 

 





 
 

 

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