terça-feira, 1 de dezembro de 2015

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO

Por Joaquim A. Rocha

forno comunitário

     
Curiosidades

     Maria Douteiro morou no lugar de Sá, freguesia de Paços, concelho de Melgaço. Em 1912 pediu para cozer duas broas de pão no forno caseiro do seu vizinho Manuel Maria Soares, guarda-fiscal; na tarde de sábado, ela e a esposa do guarda metem as broas no forno, auxiliadas por António Lopes, sem se esquecerem de marcar previamente as broas. Passadas três ou quatro horas retiram o pão do forno e qual não é o seu espanto ao verem o pão de uma delas completamente negro, por fora e por dentro! Apesar disso, podia comer-se, e até tinha um sabor agradável. O pão da sua vizinha estava normal! Diz-se no jornal: «explique a ciência, ou então os sábios da escritura, este segredo da natura. Em nossa redacção temos um pedaço do pão e da massa que lhe serviu de fermento» (ver Correio de Melgaço n.º 19, de 13/10/1912). No Correio de Melgaço n.º 20, de 20/10/1912, lê-se: «o interessante caso do enegrecimento do pão mereceu a atenção do engenheiro agrónomo deste distrito que, tendo recebido uma pequena amostra, requisitou maior quantidade para poder fazer a análise e assim descobrir, talvez, a causa do fenómeno. O fermento que também desejava não lhe foi fornecido por já não o haver.» E pode-se ler no Correio de Melgaço n.º 27, de 8/12/1912, o seguinte: «acerca do caso do enegrecimento do pão, caso sucedido a Maria do Outeiro, do lugar de Sá, a 5 de Outubro, comunica-nos o engenheiro agrónomo, senhor conde Bobone, que no laboratório químico-agrícola do Porto, onde foi feita a análise, não se pôde apurar nada; apenas se reconheceu que as cinzas 2.5 ficaram muito abaixo do limite máximo para pão de mistura, e que o pão, ao parti-lo, exala um cheiro um pouco pronunciado a vinho... Não haverá quem faça um pão amassado com um pouco de vinho, ou que ensaie todas as hipóteses verosímeis para ver se acontece a mesma coisa? Chama-lhe “um caso estranho a que não sabe atribuir causa” o agrónomo, senhor Pedro de C. P. Bravo, do Porto. Para estudá-lo S. Ex.ª pediu também amostras, mas estas já não se lhe puderam obter

     E assim acabou a novela do pão negro! Quanto a mim, o fenómeno é simples de explicar: a massa do pão tinha sede e em lugar de beber água bebeu vinho, por estar ali mais à mão.      

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