sábado, 18 de setembro de 2021

 OS MEUS SONETOS E OS DO FRADE

Por Joaquim A. Rocha


// continuação de 10/06/2021...

MALDITA MORTE

 

Ninguém devia morrer, que chatice,

Nem ter dor, nem conhecer solidão,

Só alegria, um rijo coração,

Tenra juventude, jamais velhice.

 

Viver somente uns anos, ó Alice,

Nem dá para alimentar a ilusão;

Quando o homem se apoia no bordão,

Já dormita ao lado de Euridice.

 

Estender-se no macio chão da relva,

Namorar com o horizonte sem fim,

Conviver com os bichos da floresta;

 

Voltarmos de novo à mítica selva,

Despojar-se do ouro e do marfim,

Fazermos da vida a eterna festa...

  


 
 

DULÇOR AMARGO

 

Estólida vida esta, à deriva,

Num mar onde habitam tubarões,

Vegetando num mundo de paixões,

A alma cansada, insensitiva.

 

O que fora outrora voz altiva,

Música para ternos corações…

Mortos os sonhos, as vis ilusões,

É agora voz morta, permissiva.

 

Flavo sonho, agora escuridão,

Mil infernos ignotos no caminho,

A vergonha, eterna servidão;

 

Ovante fui, antes de ser anjinho,

Transformado em carne para canhão,

Atirado ao ergástulo mesquinho!

// continua...

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