SONETOS DO SOL E DA LUA
Por Joaquim A. Rocha
A Noiva
No Dia do Casamento
(172)
Acordara
risonha, atrevida,
Cheia
de esperança no futuro;
Sabia
que tudo é claro-escuro,
Que
algo pode acontecer na vida.
Naquela
manhã, alegre, divertida,
O
devir parecia estar seguro;
Não
havia fronteira, qualquer muro,
Nenhuma
tempestade escondida.
Junto
ao espelho mirou o vestido,
Branco
como a neve da serra;
Bem
visível a flor de laranjeira…
De
repente, num gesto comedido,
Posídon,
vindo do Olimpo à Terra,
Tira-lhe
o virgo, só por brincadeira.
A MORTE
DE JESUS
(173)
Vi
erguer-se, com garra, no Calvário,
A
cruz de madeira, ensanguentada,
Contendo
o corpo d’uma alma penada,
Vítima
de um feroz tumultuário!
Ali
perto, abraçada ao sudário,
Chorava
a amante desgraçada,
Ria-se
a vil turba endiabrada,
Aquele
povo bruto, sanguinário.
Aquela
multidão louca, deicida,
Gritando:
«morte ao chefe dos incréus,
Mentiroso, falso rei dos judeus…»
Maria,
que dera àquele ser a vida,
Sentia-se
quase arrependida
Por ter gerado um mártir, um deus!
E TUDO O TUFÃO LEVOU
(174)
Hoje
o meu plectro está moribundo,
Jaz
cansado de tanto imaginar;
A
inspiração mergulhou no mar,
No
oceano longínquo e profundo.
Não
há mais nada neste triste mundo
Que
eu possa ou queira amar;
Pôs-se
o sol, não nasceu alvo luar,
O
planeta ficou feio e rotundo.
A
alegria deu lugar à tristeza,
Os
dias simulam desilusão;
Sem
a luz, feneceu minha sageza.
Ficou
triste meu pobre coração.
Apagou-se
em mim toda a beleza,
Meu
estro foi sugado por tufão.
// continua...
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